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Testemunho de Fé: Igreja em saída marca presença na missão “Eu Prefiro o Paraíso”

Uma das grandes expressões da Igreja Católica é ir além de seus muros. O Papa Francisco lembra que “a credibilidade da Igreja passa pela estrada do amor misericordioso de Deus, que é destinado a todos”.
Francisco ensina, ainda, que “a misericórdia leva, antes de tudo, aos pobres, eles que são considerados os últimos na sociedade de consumo, tornam-se os primeiros alvos da Igreja em saída”.

Confira, a seguir, como o forte sentimento de amor ao próximo — inspirado na vida e obra de um santo — fez surgir uma missão que ampara moradores de rua, em Carapicuíba e região.

 

Rogério Gomes dos Santos (fundador da missão) e sua família, reunidos com o Padre Diego Martins dos Santos. Arquivo Pessoal.

 

A missão que foi inspirada na vida de São Felipe Neri

Foi durante o filme que retrata a vida de São Felipe Neri (21/07/1515 – 26/05/1595) — “Prefiro o paraíso” —, que Rogério Gomes dos Santos teve uma experiência com Deus. O Santo que tinha um tamanho amor divino e imenso amor pelo próximo conquistou aquele que seria o fundador de uma importante missão juntos aos moradores de rua de Carapicuíba, também denominada “Eu Prefiro o Paraíso”.
Rogério é casado há 15 anos, pai de 7 filhos e atua na Igreja como Ministro da Eucaristia e Coordenador da RCC, faz parte do Grupo de Oração há 30 anos. E é assim que Rogério nos conta como surgiu a missão e os frutos que vem colhendo:
“A missão já tem 4 anos de existência e atuamos junto aos moradores de rua de Carapicuíba e seu entorno, todas as sextas-feiras. Há 1 ano a missão foi prontamente acolhida pelo Padre Diego Martins dos Santos (atual pároco da Paróquia Santo Antônio — a qual pertence à comunidade Santa Teresinha do Menino Jesus), que fornece a cozinha da comunidade, a luz, a água e o gás para prepararmos as refeições que são entregues aos moradores de rua.
Eu comecei essa missão entregando cobertores para os moradores de rua e uma senhora disse que poderia preparar as marmitas para entregarmos também. Mas foi quando o Padre Diego nos acolheu é que a missão tomou corpo. Agora temos a capacidade de preparar de 100 a 150 marmitex e temos uma equipe sólida de 30 pessoas aproximadamente nos ajudando de forma fixa e totalmente voluntária.
As refeições são apenas um mecanismo para nos aproximarmos dos nossos irmãos de rua e falarmos do amor de Deus para com eles. É nesse momento que eles se sentem reconfortados, acolhidos e amados. Aqueles moradores que querem sair da rua, nós também ajudamos por meio da missão Belém, do Padre Gian Pietro, e do Lar da Divina Providência, que fica em São João Novo.
Atualmente ajudamos uma família inteira que quis sair da rua; pagamos o aluguel de uma casa para eles e fornecemos alimentos e roupas, assim como suprimos todas as suas necessidades. O casal tem 2 filhos e tem mais 1 a caminho, mas o pai deles não está trabalhando, pois tem problemas cardíacos. As crianças estão bem encaminhadas e estudando.
Nos dias 24 de dezembro, nós buscamos os irmãos da rua, fornecemos atendimento médico voluntário, banho, corte de cabelo, barba, unhas, assim como roupas limpas e fazemos uma Ceia de Natal para eles passarem esse dia especial de forma digna.
Os irmãos de rua já fazem parte das nossas vidas, da nossa família”, finalizou Rogério.
Assim como São Felipe Neri tinha o dom de atrair todos para si com a sua afabilidade, cortesia e modéstia, segue forte a missão que foi inspirada em sua bondade. O Santo era amigo de todos e, uma vez conquistada a sua confiança, os preparava para os sacramentos e os encaminhava para o bem.
Passava noites em hospitais cuidando de doentes. O mais belo monumento da sua caridade é a Irmandade da Santíssima Trindade, cujo fim principal era receber os romeiros e cuidar dos enfermos.

Rogério em atendimento a um morador de rua. Arquivo Pessoal.

O resgate da dignidade e a conversão de um ex-morador de rua

E foi assim que Edson Nascimento Rodrigues (48 anos) saiu das ruas. “Eu estava em uma situação difícil, envolvido com drogas, álcool e tive a oportunidade do pessoal da Santa Teresinha me abordar no Quitaúna, em Osasco. Foi no dia 24 de dezembro de 2015. Nesse dia eu fui abençoado e convidado para ir almoçar com eles na véspera de Natal. Eu nem sabia que era véspera de Natal. Estava com o olho roxo, faltando dente, todo estragado e mesmo assim eles me convidaram para ir à Santa Teresinha, em Carapicuíba.
Eu achei que era mentira, pois já aconteceu muita coisa ruim comigo na rua. É até difícil falar, mas é um projeto maravilhoso. Eu tive a oportunidade do Rogério e da Marta me acharem. Eles conseguiram me levar para São Roque, em uma clínica na Divina Providência. Fiquei 2 anos lá e fui muito bem atendido.
Agora eu trabalho no Km 18, em Osasco, há 1 ano já. Voltei a trabalhar de novo e voltei para a minha família. Esse projeto é maravilhoso. Não me esqueço desse dia 24, onde fui acolhido. Tomei banho, me alimentei e ainda levei marmita para comer depois.
Esse projeto não pode parar porque as drogas levam a gente pra longe da família. Eu me arrependo muito e graças a Deus, Ele me deu uma nova oportunidade. Em nome de Jesus Cristo, não deixem esse projeto acabar. Mais pra frente eu tenho vontade de ajudar no projeto também.
Eu nunca vi uma igreja tão dedicada, eu fico totalmente maravilhado com esse carinho que vocês tiveram comigo e que têm com os moradores de rua. A paz de Jesus e o amor de Maria a cada um de vocês”, finalizou Edson emocionado.

São Felipe Neri, rogai pela missão “Eu Prefiro o Paraíso” e por todos nós. Amém.

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