No início de 2020, a maioria dos países ao redor do mundo foi surpreendida por uma Pandemia. Foram dias e dias de insegurança quanto a saúde pública que acabou por forçar a população a ficar em casa. Com isso, logicamente, os comércios, mercados, igrejas e escolas passaram por um longo tempo de portas fechadas. Não se ouvia outra coisa, isso tornou-se a principal preocupação em nível global. A pandemia tornou-se, então, o príncipio aglutinador de processos e processos de nossa realidade pessoal e social.
No âmbito educativo, a decisão de fechar parcial ou totalmente as escolas para conter a propagação do coronavírus, resultou em um número sem precedentes de alunos que não puderam frequentar a escola pessoalmente. O fechamento de escolas teve consequências graves nas oportunidades de aprendizagem de milhões de alunos, bem como no desenvolvimento social deles. E à medida que os países avaliavam o melhor modelo para reabrir as escolas com segurança, uma questão-chave era levantada: como elas apoiarão o aprendizado e a recuperação dele? De fato, durante o fechamento das escolas, alguns alunos continuaram aprendendo por meio de várias modalidades remotas, como plataformas on-lines, livros didáticos, internet, televisão, enquanto outros pararam de aprender completamente devido a limitações sociais ou até mesmo pessoais. A Campanha da Fraternidade (CF 2022) deste ano dá uma pista. Ela aponta como chave para a recuperação da aprendizagem neste contexto “uma pedagogia da escuta, que rompa com o paradigma de pedagogias silenciadoras” (TB-28). Portanto, a “escuta” é um ingrediente essencial neste processo de avaliação do estado da educação no Brasil e todos os interessados devem perceber os “sinais dos tempos” que nos impulsionam.
O surto de Covid-19 foi acompanhado por todo mundo através da televisão, do rádio e nas redes sociais. Essas plataformas são importantíssimas também no âmbito da educação, embora isso não seja sua principal finalidade. Com todos esses meios disponíveis, são muitas informações em circulação, às vezes verídicas por vezes falsas. Por isso, verificamos durante a pandemia que a circulação de notícias, manchetes e pesquisas não é uma condição suficiente para o conhecimento verdadeiro e a educação pessoal. Pode ser até mesmo empecilho no caminho. O conhecimento, em outras palavras, pode não se traduzir em sabedoria. “A democratização dos meios de comunicação é um ganho para sociedade, mas carrega consigo também a possibilidade da rotulação da realidade a partir de desejos pessoais ou conhecimentos prévios” (TB-48).
A educação é uma das coisas mais importantes em nossas vidas e na sociedade. Pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso pessoal e social. Uma educação pode nos trazer conhecimento e nos tornar sábios. A educação é a chave para um futuro melhor. Governantes e autoridades às vezes são minuciosos sobre variados assuntos, menos sobre a educação pública. Ela é o meio para educar e fazer de crianças, adolescente e jovens no futuro mais sábios, e não podemos falhar nisso. Os maiores perdedores desse fracasso são estudantes e famílias, sociedades e igrejas. “É preciso construir caminhos educacionais em uma perspectiva de ecologia humana, que tenham como ponto de partida a diversidade, e de uma “fala-ação” que constrói sistemas capazes de promover o bem viver em uma perspectiva do humanismo solidário”.
Tudo isso nos põe diante de questões decisivas: “quais são as lições e as tarefas desse tempo tão exigente? Que currículo, qual novo aprendizado nasce dessa experiência para nossa escola da vida? Como tudo o que experimentamos com a pandemia se reflete nos diversos contextos educativos, como a família, a Igreja, a sociedade, a escola e a universidade?” (TB-32). Sem dúvida, o que vivenciamos nos últimos dois anos tem muito a nos ensinar.
Diácono Samuel Elias Netto – Comissão Diocesana da CF