Olhamos enlevados uma imagem do Discípulo amado, na Última Ceia, com a cabeça reclinada ao peito de seu Mestre e Senhor. Ninguém se surpreende que seja ele o Apóstolo do amor, ainda que tivesse esse privilégio uma única vez.
Olhemos agora, com o olhar da alma, uma após outra, as imagens extasiantes de São José tendo ao colo o Menino Jesus que reclina a cabecinha no seu peito! Quantas vezes no decorrer de um só dia e ao longo de toda a sua vida tiveram lugar semelhantes cenas, na dor e na alegria? Quem poderá enumerar as ocasiões em que São José apoiou a cabeça ao peito do Filho? Talvez seja ele o único ser humano que teve o privilégio de entregar o espírito a Deus recostado no Coração de Jesus!
“José estava quotidianamente em contato com o mistério “escondido desde todos os séculos”, que “estabeleceu a sua morada” sob o teto da sua casa” … Quem poderá “conhecer as profundezas desta singularíssima relação? … e a sua total “submissão a Deus, que é prontidão de vontade para se dedicar às coisas que dizem respeito ao seu serviço, não é mais do que o exercício da devoção, que constitui uma das expressões da virtude da religião” (Redemptoris Custos, 25.27).
Aqui se enquadram os religiosos e religiosas, com a devida distância. Jesus nos chamou para morarmos com Ele, sob o seu teto, para sermos um com Ele e participarmos da sua missão de glorificar o Pai e salvar os humanos. A motivação, a “força do alto” (Lc 24, 49), para a doação total de nós mesmos e a realização das tarefas decorrentes da nossa vocação e missão nos vem, como para São José, da nossa intimidade com Jesus, com o Deus vivo e verdadeiro. “A humanidade de Cristo unida à divindade e dela instrumento, que beneficiou em primeiro lugar Maria e José em razão de sua maior intimidade e contato”, nos transforma e santifica segundo as disposições que encontra em nós quando o recebemos na Eucaristia. (Cf. RC, 27) São José nos inspire e auxilie a valorizarmos mais o dom que o Senhor nos faz de Si mesmo! Sabemos que o maior serviço que podemos prestar à Igreja é a nossa conversão e santificação. Da nossa união com Jesus depende o cumprimento da nossa missão, pois, sem Ele nada podemos fazer. (Cf. Jo 15, 5)
Há 150 anos da declaração de São José como Padroeiro da Igreja Católica, a barca de Pedro, conduzida hoje por Francisco continua sendo tão sacudida pelas tempestades provocadas por satanás como o foi desde o seu nascimento. O Ano de São José chegou qual benção divina, auxílio oportuno para nós, protagonistas também, de “tempos tristíssimos em que a Igreja, atacada de todos os lados pelos inimigos” (Quemadmodum Deus) “especialmente quando o poder das trevas parece tentar de tudo em dano da cristandade” (Quamquam Pluries). Somos convidados a clamar, depois de Maria, a São José, auxílio neste calvário de toda a humanidade, crucificada pela peste, a fome e a guerra. Que ninguém abandone a barca de Pedro temendo naufrágio, pois a segurança de chegarmos sãos e salvos ao Porto desejado é perseverarmos na barca da Igreja, porque “as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mt 16,18)
São José é Copatrono da Congregação Passionista, cujos missionários celebram 300 anos de Fundação, enquanto as monjas, 250. Nosso Santo Pai e Fundador, São Paulo da Cruz, confiou, desde os inícios da Congregação, o Noviciado Passionista a São José. Um dos primeiros atos da Madre Presidente da nossa recente estrutura de comunhão entre os mosteiros sui juris – a Congregação Monástica – foi confiá-la à proteção de São José.
A Comunidade do Mosteiro Santa Gema testemunha seu grande amor, confiança e gratidão ao nosso glorioso pai, consagrando anualmente todo o mês de março e todas as quartas-feiras com práticas especiais de devoção. Uma imagem em tamanho natural na frente do mosteiro acolhe as pessoas. A sua solenidade no mês de março conta com a presença do nosso Bispo Diocesano, que preside a Santa Missa, precedida pela Via-Sacra, abençoa os Cordões de São José; em procissão leva e deposita os pedidos dos fiéis aos pés da imagem. O histórico pode ser visto no nosso site: mosteirosantagema.com.br
Elevemos o olhar de nossa alma ao Céu e extasiemo-nos ante a glória de São José, pai e esposo virgem, ao lado de Jesus e de Maria! Sabendo que ele nos escuta “com coração de pai” rezemos em união com toda a Santa Igreja como nos convida o Papa Francisco, implorando “a graça das graças: a nossa conversão. Salve, guardião do Redentor e esposo da Virgem Maria! A vós, Deus confiou o seu Filho; em vós, Maria depositou a sua confiança; convosco, Cristo tornou-Se homem. Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida. Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem, e defendei-nos de todo o mal. Amém”. (Patris Corde)
Irmã Luzia Maura dos Sagrados Corações,
Monja Passionista