Aos sacerdotes e diáconos, comunidades religiosas, e coordenações pastorais da Diocese de Osasco
“Sede alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 12)
A Igreja, Mãe e Mestra, sempre acompanha os seus filhos em sua peregrinação terrestre, participando de suas alegrias e dores. Neste momento, nos unimos às preocupações de todos com relação à disseminação já circulante do coronavírus, sobretudo apresentando a Deus as nossas orações para que logo possamos superar este momento especialmente doloroso. Peço que façam chegar até as diversas associações, movimentos e grupos de pastoral das nossas paróquias, e entidades religiosas, estas orientações.
Não é conveniente fazer alarme ou gerar pânico. Isso não ajuda neste momento. Mas é preciso seriedade nas ações restritivas propostas. É o parecer dos agentes de saúde que estes próximos dias são muito importantes para conter, o quanto possível, os níveis de transmissão do vírus. Pode parecer exagerado tomar medidas restritivas antes mesmo de ter um caso confirmado da doença. Porém, a observação já feita diz que onde as medidas preventivas foram levadas a sério, mesmo antes de haver contaminação, houve uma propagação menor do que em locais que só fizeram restrições após os casos confirmados. Então vamos nós, comunidade católica, levar a sério e contribuir para que o tempo de restrição seja breve e todos sejam beneficiados. Momentos de restrição são também momentos de encontrar soluções corajosas e criativas para realizar a nossa missão.
As medidas gerais de prevenção estão sendo amplamente divulgadas e devem ser acatadas com responsabilidade e zelo. No caso das nossas atividades religiosas, vamos retomar aqui as orientações já passadas, acrescentando as que foram propostas pelas autoridades mais recentemente.
1. Não podemos deixar de prestar assistência religiosa ao nosso povo, especialmente nessas horas mais difíceis. Porém devemos cuidar ao máximo das aglomerações nas próximas semanas:
– Seria conveniente diminuir a duração das celebrações litúrgicas o quanto possível, com menos cânticos, homilias e formulários mais breves.
– Para evitar aglomerações, pode-se apresentar mais horários de missa, ou de celebrações da Palavra com Ministros, ou mesmo expor o Santíssimo Sacramento para adoração em diversos horários.
– Pode-se providenciar a transmissão dos atos religiosos por plataformas digitais e redes sociais, incentivando os fiéis a participarem em casa, sobretudo aqueles que são idosos e os enfermos. Estes podem sintonizar a rede católica nos horários de celebrações. Igualmente devem permanecer em casa aqueles que estão com sintomas de tosse, falta de ar, espirros e febre, mesmo de gripe comum. Não é preciso dizer que estão, neste tempo de restrição, desobrigados do preceito da missa dominical, sem necessidade de dispensa, pela própria lei da Igreja. Mas permaneçam ligados à comunidade pela oração.
2. Nos lugares onde for possível a celebração em lugar aberto, um pátio ou praça, pode ser mais fácil para as pessoas guardarem distância. Onde a celebração possa acontecer sem aglomeração, sejam redobrados os cuidados com a limpeza, ventilação, e motivadas as pessoas a manter os hábitos simples de lavar as mãos com sabão, usar o álcool em gel e evitar a proximidade, cumprimentos e contatos. Os ministros que distribuem a Eucaristia higienizem cuidadosamente as mãos antes e depois da Comunhão. Como já foi recomendado, reiteramos que não se use dar as mãos na oração do Pai Nosso, a saudação da paz seja omitida e a Comunhão Eucarística seja oferecida aos fiéis preferencialmente nas mãos.
3. Seja suspensa temporariamente a catequese, sempre com a recomendação de que os catequizandos possam fazer as tarefas em casa, com os pais, pratiquem a oração domiciliar e permaneçam em comunhão. As redes de comunicação facilitam muito neste ponto. Catequistas e catequizandos sejam criativos no uso dessa comunicação.
4. Os mutirões de confissão sejam adiados por algumas semanas, até que tenhamos clareza dos desdobramentos da situação. Como estamos em tempo de Quaresma, sempre podemos manter horários extras de atendimento individual, quando possível, não deixando de atender as situações de emergência, como os enfermos e enlutados.
5. A pastoral da Saúde deverá suspender as visitas, em muitos casos substituindo-a por um telefonema, uma palavra amiga, uma promessa de em breve poder novamente voltar às visitas. Nos hospitais, sejam atendidas prontamente as recomendações dos profissionais de saúde, como fazemos sempre. Aos ministros que levam a Santa Comunhão aos enfermos vale a recomendação de adiar a visita nos casos de confirmação do vírus e manter-se atentos às recomendações dos profissionais de saúde.
6. As celebrações e encontros religiosos não habituais, que reúnem grande número de pessoas, sejam evitados, se possível adiados ou cancelados. Não se pensa no número de pessoas, mas, sim, nos ambientes fechados, pouco ventilados ou eventos com longa duração. Neste item estão os retiros, assembleias, congressos e também as festas de padroeiros, as confraternizações e promoções festivas. Celebrações em espaços abertos e com os devidos cuidados podem ser uma alternativa.
7. A Romaria a Aparecida, marcada para 1º de maio, poderá ter o seu dia revisto. Sugerimos, quanto aos ônibus contratados, que se mantenha a possibilidade de mudar a data, caso o Santuário não esteja em condições de receber um número grande de peregrinos.
8. Pedimos a todos que tenham muito cuidado com o alarmismo, com as notícias falsas. Não repassem informações que não sejam confirmadas em outras fontes seguras. Obedecer às indicações das autoridades é o que melhor podemos fazer, mantendo a confiança e a esperança de que logo retornaremos à normalidade e à paz.
9. Não podemos nos afastar da nossa gente nem deixar de prestar os serviços essenciais. É hora de trocar ideias, leigos e sacerdotes, para descobrir novas formas de presença, sempre socorrendo os mais necessitados, os que se sentem sozinhos, os que sofrem.
10. Ainda não podemos saber como serão realizadas as cerimônias da Semana Santa e quais as circunstâncias que deveremos levar em conta. Vivamos nossa caminhada Quaresmal em verdadeiro espírito de penitência, unidos profundamente à Cruz de Nosso Senhor. Fiquemos atentos porque, no devido tempo, estaremos refletindo sobre isso. Como os nossos treze municípios podem ter realidades diversas e diferentes normas emanadas pelo poder publico, ficam os párocos e coordenadores das Regiões Pastorais encarregados de encaminhar as soluções que se fizerem necessárias.
Coloquemo-nos sob o olhar da Mãe Santíssima. Que nossos padroeiros Santo Antônio e São João Paulo II, homens que viveram em momentos de grande sofrimento no seu tempo, nos deem coragem para enfrentar os desafios sempre com esperança, com amor a Deus e ao próximo. Manteremos sempre contato e, caso necessário, iremos esclarecendo as dificuldades e novas orientações que surgirem. Que Deus nos abençoe a todos.
Dom João Bosco, ofm
Bispo Diocesano de Osasco