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‘Além do sofrimento, há grande esperança e amor’, diz Cardeal enviado do Papa à Ucrânia

O enviado do Papa Francisco à Ucrânia, cardeal Konrad Krajewski, se prepara a voltar ao Vaticano depois de uma semana em missão na Polônia e na Ucrânia, para encontrar os refugiados e levar mantimentos. “Devo dizer que, além do sofrimento, há grande esperança e amor.”

O sol deve nascer novamente na Ucrânia. Estes são os votos do Cardeal Konrad Krajewski, esmoleiro papal, entrevistado por telefone enquanto se preparava para deixar a Ucrânia de carro. Ele fala de uma missão no signo do Evangelho, de uma viagem feita de partilha e esperança, apesar do soar das sirenes de alarme ou dos rostos provados de tantas mulheres que fogem com crianças nos braços.
Oração pela Ucrânia na catedral da Arquidiocese dos Latinos de Lviv, presidida pelo enviado especial do Papa Francisco, o cardeal Konrad Krajewski. Reprodução: Youtube Vatican News

Eminência, o senhor está prestes a concluir sua viagem. Que avaliação pode fazer desta missão?

Fui à Ucrânia para apoiar nossos irmãos, para levar a bênção do Santo Padre, para estar perto deles, para rezar com eles. Nós nos encontramos com líderes de várias religiões, estivemos juntos… E depois [fui à Ucrânia] também para agradecer às pessoas de boa vontade que oferecem suas casas aos refugiados, aos muitos voluntários na Ucrânia e também aos muitos doadores, porque, realmente, grandes caminhões vão continuamente para Kiev com ajuda e param mais ou menos a cem quilômetros de distância. Foi uma viagem de fé, uma viagem do Evangelho, uma viagem de uma missão totalmente religiosa.

O senhor disse também que era uma viagem de proximidade concreta; lembramos que o Papa fez uma contribuição para os caminhões que levavam ajuda a Kiev…

Sim, houve muitas contribuições, onde quer que fôssemos havia pessoas que até mesmo de uma forma pequena ajudavam. É claro que a viagem foi um apoio muito concreto, mas acima de tudo foi importante estar com eles, com o povo. Conosco vieram também prefeitos e governadores da região, apesar do som das sirenes avisando para nos abrigarmos. Rezamos, falamos sobre o futuro próximo. Há uma grande esperança no futuro, mas as armas devem ser detidas e o sol deve finalmente nascer também sobre a Ucrânia.

Existe uma imagem particular que o tocou nesta viagem, uma pessoa, um encontro?

As imagens … São sempre as mulheres; ainda hoje vi muitas mulheres com crianças indo em direção à fronteira. Vê-se que as pessoas estão muito cansadas, as pessoas estão muito cansadas de tantos dias de viagem. Mas, por outro lado, vê-se a incrível acolhida e a ajuda. Portanto, devo dizer que, além do sofrimento, há grande esperança e amor.

Há uma palavra que caracterizou esta viagem? O senhor falou das “armas da fé”; disse várias vezes que é necessário silenciar as verdadeiras armas para deixar ressoar as da paz, as da oração, as da unidade. Este foi um pouco o espírito?

Certamente! Trouxe muitos terços, que pude dar também aos soldados, ao povo que deixava o país, indo em direção à fronteira com a Polônia. Nós também rezamos muito. Em todos os lugares nos colocamos em oração. Então eu sempre via lágrimas quando se dizia: “Aqui estão, estes terços são do Santo Padre, que é solidário e reza por vocês”.

Qual será a primeira coisa que o senhor dirá ao Papa Francisco?

Eu ainda não sei. Devo dizer que cada dia foi muito diferente. Hoje acordamos com sirenes nos avisando para fugirmos imediatamente. Assim, por um lado, talvez prevaleça a alegria desses encontros; por outro, a tristeza das pessoas que vivem em constante medo. Estou deixando este país com um grande enriquecimento pessoal, porque encontrei pessoas de grande fé, pertencentes a todas as confissões. Isto também é uma esperança; uma esperança de unidade.

 

 

Vatican News, 13 março 2022, 09:44

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