A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou, com o apoio da Adveniat, a quantia de R$ 350.000,00 para ajuda humanitária e emergencial ao povo Yanomami. Os recursos, a serem geridos pela diocese de Roraima (RR), destinam-se a contribuir para suprir situações de emergência como alimentação, remédios, vestuário, materiais para apoio à economia das comunidades e para custear o deslocamento e transporte aéreo e terrestre.
De acordo com o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, situações humanitárias como essa oneram nossas consciências, provocando nossa solidariedade. “Essa ajuda é emergencial. Une-se às outras ajudas que estão sendo feitas. Importa que também aconteçam ações que evitem estas e outras situações semelhantes”, afirmou.
Situação dos Yanomami
Segundo relatos do padre da diocese de Roraima, Lúcio Nicoletto, a emergência vivida pelo Povo Yanomami, que ganhou grande visibilidade nos últimos dias, é consequência da invasão do seu território por milhares de garimpeiros que desenvolvem atividades ilegais associadas a grupos criminosos.
A atuação destes grupos gerou a desassistência sanitária generalizada, a devastação ambiental, impactos sobre as comunidades indígenas, composta por cerca de 30 mil pessoas, sendo cerca de 11 a 13 mil as atingidas pela crise humanitária) e o colapso sanitário, que levou o atual Governo Federal a declarar a emergência em saúde pública no território Yanomami.
“Entre os impactos do garimpo na Terra Indígena Yanomami (TIY) estão a devastação ambiental; a destruição das comunidades indígenas (mortes diretamente associadas à violência do garimpo; violência sexual contra moças e mulheres; desestruturação social e instigação a conflitos comunitários e intercomunitários, pela distribuição de armas, drogas e bebidas alcoólicas etc.), desequilíbrio da economia indígena; e agravamento da situação sanitária”, reforça o padre.
Nota da CNBB – “Em defesa dos Povos Originários”
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta terça-feira, 31 de janeiro, uma nota intitulada “Em defesa dos povos originários” motivada pela realidade vivida pelo povo Yanomami que, segundo o documento, é a “síntese da ofensiva contra os direitos dos povos indígenas agravada nos últimos anos”. A realidade, segundo a nota, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) em seu relatório anual.
Na nota, a CNBB pede às autoridades um adequado tratamento dedicado ao povo Yanomami e a cada comunidade indígena presente no território brasileiro. A CNBB pede ainda que “diante da gravidade do que se verifica no Norte do País, das mortes, principalmente de crianças e de idosos, sejam apontados os responsáveis, para que a justiça prevaleça”. Arquivo em PDF aqui.
Em defesa dos povos originários
A ofensiva contra os direitos dos povos indígenas, agravada nos últimos anos, foi denunciada pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em seu relatório anual. A realidade vivida pelo povo Yanomami é, pois, síntese do que apresenta o relatório do CIMI. Os povos originários, integrados à natureza, têm sido desrespeitados de modo contumaz, a partir da ganância, da exploração predatória do meio ambiente, que propaga a morte em nome do dinheiro.
Essa realidade deve despertar santa indignação no coração de cada pessoa, especialmente dos cristãos, que não podem fazer da defesa da vida uma simples bandeira a ser erguida sob motivação ideológica. A vida tem que ser efetivamente defendida, não apenas em uma etapa específica, mas em todo o seu curso. E a defesa da vida humana é indissociável do cuidado com o meio ambiente.
A CNBB pede às autoridades um adequado tratamento dedicado ao povo Yanomami e a cada comunidade indígena presente no território brasileiro. Diante da gravidade do que se verifica no Norte do País, das mortes, principalmente de crianças e de idosos, sejam apontados os responsáveis, para que a justiça prevaleça. O genocídio dos Yanomamis seja capítulo nunca esquecido na história do Brasil, para que não se repita crime semelhante contra a vida de nossos irmãos.
A Igreja Católica no Brasil está unida ao povo Yanomami, solidariamente, com sua rede de comunidades de fé. As dores de cada indígena são também da Igreja, que, a partir de sua doutrina, do magistério do Papa Francisco, vem ensinando a importância dos povos originários na preservação do planeta.
O momento é de tristeza e desolação, mas a Igreja Católica continuará a trabalhar, intensificando sempre mais as suas ações, em união com muitos segmentos da sociedade e do poder público, para que prevaleça a esperança, confiante de que cada Yanomami será respeitado em sua dignidade de filho e filha de Deus.
Brasília-DF, 31 de janeiro de 2023
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá (MT)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
Fonte: CNBB