Osasco, 15 de julho de 2021
Ontem, 14/7/2021, no calçadão de Osasco, deu-se um fato lamentável de violência, a que tivemos acesso por um vídeo de trinta segundos, suficientes para mostrar truculência e despreparo.
Vivemos num tempo em que a violência, fruto cuja raiz profunda é o pecado, cresce e toma diversas formas: física, psicológica, patrimonial, sexual, moral, étnica e tantas outras. Paradoxalmente, a violência se faz criativa em sua capacidade destruidora. Como um mal, a violência pode ser explícita, também sutil e dissimulada.
A Diocese de Osasco, ao repudiar o acontecido, o faz cheia de ira e tristeza por tanta dureza de coração (cf. Mc 3, 5). A complexidade do nosso tempo, também expressa no acontecimento de ontem, não nos permite fórmulas fáceis de condenações nem tentativas de justificar o injustificável. Há, em todas as direções, repúdios e declarações de não se compactuar com ações violentas, tudo isso, porém, tem se mostrado insuficiente para superar tantos males. Que nossas declarações e ações sejam de anúncio da boa nova do Evangelho de Jesus Cristo, que nos coloca no caminho do amor, perdão e serviço. Possamos decidir-nos sempre de novo pela paz, não só a paz que declara guerra contra a guerra, mas a paz que se propõe com a serenidade e a contundência do exemplo, vivida por pessoas e grupos capazes de renúncias e sacrifícios.
O vídeo que nos serviu de fonte não permite análise detalhada do acontecido, mas reforça a convicção de que precisamos de um diálogo perseverante e corajoso, mesmo que ele não faça notícia como as desavenças e os conflitos fazem (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 198). Que nossa fé atue em nossa vida e no mundo em que vivemos. Que Deus nos ajude!
Pe. Alexandre Pessoa Garcia
Coord. Setor Pastorais Sociais
Dom João Bosco Barbosa de Sousa
Bispo Diocesano
*
*
*
*
- Parecer da Pastoral Afro Diocesana
Em relação à ação dos GCM de Osasco ao ambulante haitiano Wilio, foi enviada uma mensagem gravada em nome da PAB (Pastoral Afro Brasileira), e uma Minuta de Repúdio à Corregedoria de SP. Tivemos uma reunião com o Comandante da GCM Raimundo, que nos atendeu muito bem, e esclareceu a situação que levou aos GCMs a ter a postura truculenta. Não como uma justificativa, ” mas os meios levaram aos fins”.
De acordo com as informações, Wilio comanda os pontos de vendas dos ambulantes que vendem mercadorias clandestina. Portava um celular que havia feito troca de origem desconhecida. Ao ser solicitado que recolhesse os materiais, não aceitou, tentando pegar a arma do policial, que solicitou reforço para contê-lo. Ao ser indagado se não teria outra forma de contê- lo, o comandante disse que “a questão foi a resistência, a multidão, e só focalizaram a parte que a GCM estava agindo.”
Como medida, os guardas estão suspensos de suas tarefas, e foi aberta sindicância para apuração dos fatos juntamente com o D. H. O Comandante Raimundo agradeceu pela intervenção da PAB. Solicitando um trabalho de visita ao gueto ao qual eles estão morando ao lado da igreja do Bonfim, onde estão vivendo em situações precárias, clandestina, e muitos deles são liciados por milícias.