Qual o significado da Páscoa como vida concreta em nossa vida? Qual o efeito que a Páscoa faz em nosso dia a dia? Não pode ser de outra maneira, tem que ser através de mudanças de atitudes. Devemos nos questionar: como podemos mudar para melhorar aquilo que não está bem em nossa vida? Tantos conflitos familiares, desemprego, doenças, tantos momentos de aflição e ansiedade…. Como resolver tudo isso?
Deixe Deus agir, volte o seu pensamento para Deus. Deixe que o amor de Deus preencha o seu coração de esperança em dias melhores. Acredite! Por mais difícil que possa parecer uma situação ou um problema, sempre vai existir uma solução. E é a fé que nos ajuda a transpor essas dificuldades. O verdadeiro sentido da Páscoa está no mistério, o segredo onde Deus se fez homem, pessoa, carne da nossa carne, em seu filho Jesus, e nos resgatou da morte, do pecado e nos deu a dignidade de filhos e filhas de Deus. É com esse sentido que devemos olhar. Páscoa é passagem e vida nova.
Vivenciamos a alegria da Páscoa, com momentos de celebração e oração, em nossas Igrejas, onde nos levou a refletir sobre a passagem da vida, pela entrega de Jesus, na Eucaristia, na Cruz e na Ressurreição. Nesta nova experiência e nova oportunidade de vida, somos chamados a nos reinventar, reinventar a nossa fé que se renova e se fortalece, na esperança de um mundo novo e mais feliz, um mundo de encontro e de partilha, onde assim devemos fortalecer nossa missão em nossas comunidades religiosas e na nossa presença pastoral. Desafios de nosso testemunho pela alegria do Evangelho e pelos irmãos. Entrega total.
Fazer acontecer a Ressurreição de Cristo no nosso compromisso hoje, de celebrar a Vida, de celebrar a Páscoa, é termos a coragem de olhar ao nosso redor, ver nossas realidades e saber quais as situações a serem vencidas, onde possamos fazer passar da morte a vida. Desafios cotidianos que nos pedem uma ação transformadora, que nos motivam a sermos transformadores diante de nossa consagração. Como podemos agir para transformar? Para gerar vida?
Em Cristo Ressuscitado e em sua Palavra, nossa vida ganha sentido novo e nos enche de esperança. Segundo São João Evangelista, Jesus veio ao mundo para que tivéssemos vida plena. “Ele estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, mas o mundo não reconheceu. Veio para junto dos seus, mas os seus não o acolheram. A todos, porém, que o acolheram, ele deu o poder de se tornarem filhos de Deus.” (Jo 1, 10-12)
Viver a Páscoa é um renascimento, humano e espiritual, mas viver a Páscoa é fazer um caminho, por isso podemos relembrar o que o Papa Francisco nos diz: “a ressurreição de Cristo dá o sentido de todas as outras festas cristãs, enche de esperança os sofrimentos e inaugura um tempo novo de crescimento rumo à realização do projeto de Deus também para nós”. Ele sugere ainda que “os lugares onde a Igreja se manifesta, particularmente as nossas paróquias e as nossas comunidades, se tornem ilhas de misericórdia no meio do mar da indiferença! Que significa o fato de Jesus ter ressuscitado? Significa que o amor de Deus é mais forte que o mal e a própria morte; significa que o amor de Deus pode transformar a nossa vida, fazer florir aquelas parcelas de deserto que ainda existem no nosso coração.”
Mesmo diante de nossas resistências e inconsistências, o amor de Deus nos alcança através do olhar de Jesus ressuscitado. Ele nos chama a viver uma vida nova, como filhos de Deus, em uma verdadeira aliança de amor.
A pandemia, para quem leva a sério todas as orientações das autoridades civis, sanitárias e eclesiais, pode ser uma conversão para dias melhores.
Conto aqui uma pequena estória:
“Muitos encontravam-se no inferno. Lá existia uma mesa comprida e larga. Sobre a esta as melhores comidas que se possa imaginar. Ao redor da mesa, todos magros, feios, mortos de fome. Para comer tinham que usar um garfo de dois metros de comprimento. Ao espetar a comida, como o garfo era muito longo, não conseguiam colocar em sua boca. Que desespero! Por outro lado, no Céu também se encontrava aquela mesa cheia de comida boa, rodeada por pessoas contentes, alegres, todas gordinhas. Lá também tinham que usar o garfo de dois metros. O que cada um fazia? Espetava a comida e colocava na boca de quem estava na sua frente. Quem recebia comida repetia o mesmo gesto servindo o irmão que estava próximo”. Portanto, com o momento que estamos vivendo, vamos assumir um propósito de conversão e procurar viver a prática do amor. Quem vai nos salvar é o irmão. O garfo deve ser usado dignamente, pois no Juízo Final teremos que responder ao Senhor, quando foi que te vimos com fome, com sede, peregrino, nu, enfermo, ou na prisão e não te socorremos… E ele responderá: ‘todas as vezes que deixastes de fazer isso a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’. (Mt 25, 44 -45). Páscoa é passagem. É ressurreição. É vida nova. Que nossa oração seja um ato de amor. São João nos diz: “quem não ama está morto”.
Ir. Terezinha Vandresen, CIC
Irmãs da Imaculada Conceição