Pesquisar
Close this search box.

Por que os católicos veneram as relíquias dos santos?

Jornada Vocacional 2024 – visita dos seminaristas com a imagem e relíquia de São João Maria Vianney, na Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus e São Roque. Foto: Pascom paroquial.

A Igreja Católica valoriza a veneração das relíquias como um meio de honrar a tradição cristã e reconhecer a importância da intercessão dos santos na vida dos fiéis. Este ato de devoção não só celebra o amor divino pelos santos, mas também evidencia a influência duradoura de seus exemplos na vida da Igreja e de cada cristão. São Tomás de Aquino observa que “Deus honra como convém às relíquias dos santos pelos milagres que realiza na sua presença” (STh III 25, 5). Para a Igreja, os corpos dos santos representam lembranças preciosas do amor que eles dedicaram a Deus por meio de suas penitências e boas obras. Assim, a veneração das relíquias é vista como um testemunho tangível da santidade e do sacrifício dos santos, refletindo a devoção e a gratidão dos fiéis.

As Relíquias e a Sagrada Escritura

A veneração das relíquias na tradição cristã tem base sólida na Sagrada Escritura. No Antigo Testamento, há uma profunda reverência pelos restos mortais de figuras importantes, como Abraão (Gn 25,9-10) e Jacó (Gn 50,12-13). Tobit, por exemplo, arriscou sua vida para sepultar os mortos, mesmo sob ameaça: “Tobit sepultou os seus cadáveres” (Tb 1,21), e “continuava a levar para a sua casa os corpos daqueles que eram assassinados, onde os escondia e os sepultava durante a noite” (Tb 2,3-9).

Milagres também ocorreram através de relíquias, como no caso de Eliseu, que usou o manto de Elias para separar as águas do Jordão (2Rs 2,14), e quando os ossos de Eliseu, ao entrarem em contato com um cadáver, ressuscitaram o morto (2Rs 13,21).

No Novo Testamento, a veneração das relíquias é ainda mais evidente. Em Atos dos Apóstolos, são relatados milagres realizados com panos que tocaram o corpo de São Paulo: “Deus realizava milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que haviam tocado o seu corpo, eram aplicados aos doentes; então afastavam-se destes as moléstias e eram expulsos os espíritos malignos” (At 19,11-12). A cura da mulher hemorroísa ao tocar o manto de Cristo é outro exemplo: “Ela dizia consigo: ‘Se eu tocar ainda que seja apenas as suas vestes, serei curada’. Jesus voltou-se então e, vendo-a, lhe disse: ‘Tem confiança, minha filha, a tua fé te salvou'” (Mt 9,20-22).

Esse respeito pelos corpos e objetos dos santos se estendeu na Igreja primitiva, como relata o apologista Quadrato no século II, que menciona a preservação de objetos confeccionados por Jesus. Jesus também aprovou a veneração do seu corpo após a morte ao elogiar Maria de Betânia, que ungiu seu corpo: “Ela me fez uma obra; embalsamou antecipadamente o meu corpo para a sepultura. Em verdade vos digo: onde quer que for pregado no mundo este Evangelho, será narrado o que ela acaba de fazer para se conservar a lembrança dessa mulher” (Mc 14,6-9; Mt 26,9-12; Jo 12,7).

As Relíquias na Tradição da Igreja

A Tradição da Igreja desde os primeiros séculos preserva e venera relíquias como símbolos dos santos mártires e confessores. A Igreja sempre recomendou o sepultamento dos cadáveres, e não a cremação, inicialmente se opondo formalmente à prática da cremação, associada à Maçonaria. No entanto, desde 1964, a Igreja aceita a incineração por razões práticas, desde que não seja por desprezo ao corpo humano ou à fé na ressurreição, conforme o Catecismo da Igreja (§2301).

O Papa Sixto V, em 1587, confiou o controle do culto das relíquias à “Congregação dos Ritos”, que em 1969 passou a ser a “Congregação para as Causas dos Santos”. Após a beatificação, as relíquias dos santos podem ser veneradas pelos fiéis.

Relíquias relacionadas a Cristo têm sido veneradas desde o século IV. São Cirilo de Jerusalém menciona um grande fragmento da Santa Cruz em suas Catequeses (4, 10; 10, 19; 13, 4), afirmando que “até a presente data pode ser visto entre nós… foi distribuído em pequenos fragmentos por toda a terra”. Acredita-se que Santa Helena, mãe do Imperador Constantino, encontrou a Cruz de Cristo e a trouxe para Roma, onde fragmentos foram distribuídos pela cristandade.

Outras relíquias da Paixão de Jesus, como o título da Cruz, a coluna da flagelação, a coroa de espinhos e os cravos, têm sido veneradas desde os séculos V e VI. O Santo Sudário de Turim, que envolveu o corpo de Cristo, é considerado a relíquia mais importante da Paixão, amplamente estudado e considerado autêntico por muitos pesquisadores, embora a Igreja ainda não tenha se pronunciado definitivamente sobre sua autenticidade.

O Presépio de Jesus em Belém era conhecido no século III, como mencionado por Orígenes. A partir do século VII, apenas fragmentos sobreviveram, com os mais notáveis preservados na basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Fontes: sites Padre Paulo Ricardo e Cleofas

Leia também: Relíquias de Santa Teresinha visitarão casas carmelitas da diocese

Facebook
Twitter
Email
WhatsApp