“Para o cristão, a morte não é a derrota e sim a vitória: o momento de ver a Deus; a morte para encontrá-lo, a eternidade para possuí-la… A morte para o cristão não é o grande susto, e sim a grande esperança.” (Santo Alberto Hurtado)
“Deus fez brotar do solo todas as espécies de árvores agradáveis de se ver e boas para comer, e no centro do jardim a árvore da vida e árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,9). O ser humano possuía a imortalidade, porém quando come o fruto da morte, perde essa proteção. “Deus não fez a morte, nem se alegra com a destruição dos seres vivos. Ele tudo criou para que exista. As criaturas do mundo são sadias, e nelas não há veneno de ruína. O mundo dos mortos não reina sobre a terra. Porque a justiça é imortal” (Sb 1,13-15).
“O pecado entrou no mundo por meio de um só homem, e pelo pecado veio a morte, assim a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5,12). Mais temível do que a morte corporal é a espiritual. “Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Temam, sim, aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno” (Mt 10,28). Cristo Ressuscitado venceu a morte. Nele brilhou a esperança da feliz ressurreição. A morte não tem sentido por ela mesma, mas pela vida superior que dá acesso. “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fl 1,21).
A fé cristã proclama a certeza da vitória da vida sobre a morte e a compara com o sono. Sobre a morte de Lázaro, Jesus diz: “Nosso amigo Lázaro está dormindo. Eu vou lá para acordá-lo” (Jo 11,11). Os cristãos chamaram o lugar onde enterravam os mortos de “cemitério”, que significa dormitório em grego, diferente dos pagãos que chamavam o mesmo local de “necrópole”, cidade dos mortos. “Aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Senhor para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível” (Prefácio da Missa dos fiéis defuntos).
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“Se vivemos, é para o Senhor que vivemos. Se morremos, é para o Senhor que morremos. E assim, quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor” (Rm 14,8-9). Mais importante do que viver ou morrer, é estar em comunhão com Deus: “Ele morreu por nós, para que acordados ou dormindo, vivamos com ele” (Ts 5,10). Os santos relativizam a vida corporal em vista da eterna: “Vivo sem viver em mim, e de tal maneira espero, que morro porque não morro… Vivo no Senhor” (Santa Teresa D’Ávila).
“Ó morte, eu não sei quem pode temê-la, já que por ti, a vida se abre para nós” (São Pio de Pieltrecina). A morte é a via de acesso à vida plena, muito bem ilustrada na oração de São Francisco de Assis: “É morrendo que se vive para a vida eterna”. A morte abre as portas para a visão beatífica, para a comunhão com Deus. “Eu sou a ressurreição. Quem acredita em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11,25).
“Cheios de confiança, preferimos deixar a habitação deste corpo, para irmos habitar junto do Senhor” (2Cor 5,8). A doutrina da Igreja ensina que na morte há a separação alma e corpo e que os dois se reencontrarão no fim dos tempos no dia da ressurreição dos mortos: “Com a morte, a separação da alma e do corpo, o corpo cai na corrupção, ao passo que a alma, que é imortal, se encaminha para o juízo de Deus e espera unir-se novamente ao corpo quando ele ressurgir transformado na volta do Senhor”.
A morte não é o fim, é Páscoa, passagem da morte para a vida. Assim como Cristo ressuscitou, nós também ressuscitaremos com Ele. Maria Santíssima sofreu com o seu filho morto nos braços, recém descido da Cruz, porém ao terceiro dia se alegrou com sua Ressurreição. Que a fé e a esperança na Ressurreição estejam sempre presentes em nossos corações.
Pe. Luiz Rogério Gemi
Curso Teológico Pastoral D. Francisco Manoel Vieira
Paróquia Nossa Senhora das Graças – Carapicuíba