Nesta quarta-feira, 20, na última Audiência Geral antes da celebração do Natal, o Papa Francisco concentrou suas reflexões na imagem do presépio. Aos fiéis reunidos na Sala Paulo VI, ele recordou a criação, há 800 anos, da representação do nascimento de Jesus por São Francisco de Assis.
O Pontífice indicou que a intenção do santo italiano, ao reproduzir a cena da chegada do Menino Jesus ao mundo, não era de criar uma obra de arte. Na verdade, o objetivo era suscitar a maravilha diante da extrema humildade do Deus feito homem, por amor à humanidade, na pobre gruta em Belém.
“Se nós, cristãos, olharmos para o presépio como algo belo, como algo histórico, até mesmo religioso, e rezarmos, isto não é suficiente. Diante do mistério da encarnação do Verbo, do nascimento de Jesus, é necessária esta atitude religiosa da maravilha. Se não chego a essa maravilha diante dos mistérios, minha fé é simplesmente superficial”, afirmou o Santo Padre.
Sobriedade e alegria
Prosseguindo, ele descreveu o presépio como uma “escola de sobriedade”. Diante de uma sociedade imersa em um consumismo que corrói o sentido do Natal, mudando o ambiente, o “frenesi” para comprar presentes chama a atenção, tirando a sobriedade deste momento. “Não há espaço interior para a maravilha, mas apenas para organizar as festas, fazer compras”, manifestou Francisco.
Neste sentido, ele explicou que o presépio foi criado para conduzir o olhar ao que realmente importa: Deus que se encarna para viver entre os homens. Olhar para a cena do nascimento de Jesus ajuda na compreensão das relações sociais do recém-nascido com sua família. “As pessoas antes das coisas”, sinalizou o Papa, alertando que “muitas vezes nós colocamos as coisas antes das pessoas e isso não é bom”.
Além disso, o presépio também retrata a alegria, que tem significativa diferença da diversão, segundo o Pontífice. Ele frisou que a diversão trata-se de algo humano e que não é ruim se feita “em boas estradas”. Contudo, pontuou que a alegria é ainda mais profunda e humana.
“Às vezes, há a tentação de se divertir sem alegria; divertir-se fazendo barulho, mas sem alegria. É um pouco como a figura do palhaço, que ri, ri, faz rir, mas o coração está triste. A alegria é a raiz da boa diversão no Natal. A sobriedade, a maravilha, nos leva à alegria, à verdadeira alegria, não à alegria artificial.”
Experimentar a verdadeira alegria
O Santo Padre sinalizou ainda que essa alegria natalina não vinha da compra de presentes ou da vivência de celebrações suntuosas, mas do experimentar a proximidade de Jesus, a ternura de Deus, que não nos deixa sozinhos. “Proximidade, ternura e compaixão, estas são as três atitudes de Deus. Olhando para o presépio, orando diante do presépio, seremos capazes de sentir essas coisas do Senhor que nos ajuda em nossa vida cotidiana”, sublinhou.
Ao final de sua reflexão, Francisco afirmou que “o presépio é como um pequeno poço do qual tirar a proximidade de Deus, fonte de esperança e de alegria”. Referindo-se à figura bíblica do poço, local de encontro com Jesus, ele reiterou que o presépio é como um Evangelho vivo, um Evangelho doméstico.
Fonte: Canção Nova